Marcos Coelho e Roberta Luiza, DA EDITORIA DE CIDADESEdson Costa, editor da coluna Distrito Zero DM
Apenas vazio e silêncio na residência do estudante Victor Miranda dos Santos, que completaria hoje 17 anos de vida. Ele foi morto na noite desta terça-feira, 13, com cinco tiros no peito e na cabeça. Foi seqüestrado nas proximidades de sua casa e executado embaixo da ponte do Córrego Cascavel, na Avenida T-9, no Jardim América. Familiares de Victor estão inconformados e assustados com o crime, uma vez que eles também são alvos de ameaças. Com medo, Cleonice Pereira Miranda, mãe do jovem, que teria sido avisada por telefone minutos antes que o filho seria morto, saiu de Goiânia e se esconde no interior. Não sei de nada. A única coisa que sei é que perdi o meu filho. Ele se envolveu com essa coisa (não explicou do que se trata) e pagou um preço muito alto por isso, disse por telefone Mozair Geraldo dos Santos, pai de Victor.
A Polícia Civil já identificou dois menores como os principais suspeitos de terem cometido o homicídio e não descarta a participação de um maior pelo teor de violência utilizada. O crime causou medo e insegurança na sociedade goianiense, que teme que a violência atinja seus filhos (veja enquete na página 9). Preocupados e assustados com o fato estão também as autoridades policiais. A delegada Nadir Batista Cordeiro lamenta o episódio: Fico com pena da mãe. Vamos fazer justiça e encontrar os criminosos, que, em breve, serão manchete. Fico pensando o quanto ele suplicou a Deus antes de ser morto dessa maneira, afirma.Ernesto Roller, secretário da Segurança Pública de Goiás, também se mostra chocado com a crueldade do fato. É lamentável! Isso comprova a desintegração dos tecidos sociais. É preciso que o Brasil e toda a sociedade olhem para os adolescentes e jovens visando afastá-los do mundo da criminalidade. Precisamos unir forças. Roller ainda diz que a polícia goiana está combatendo sistematicamente o tráfico de drogas, um dos grandes aliciadores de jovens para o mundo do crime.
Victor é o nono menor morto este ano, conforme dados da Delegacia Estadual de Homicídios. Nos últimos cinco anos, o Ministério Público de Goiás (MP) registrou 110 mortes de jovens com idade inferior a 18 anos. Destes, 60 tinham passagem pela Delegacia de Apuração de Atos Infracionais (Depai). O promotor Everaldo Sebastião, da Promotoria de Proteção ao Cidadão, revela que houve avanço nos números dos últimos dois anos e que o MP está realizando trabalho constante para encontrar as causas desses homicídios. Disse também que há uma semelhança na maioria dos casos, como envolvimento com drogas e morte por arma de fogo. Para ele, esses fatores levam a acreditar na possibilidade de um grupo de extermínio.