Você acha a grande GOIÂNIA violenta?

sábado, 14 de junho de 2008


O assassinato do aposentado Elias José de Oliveira, 84, que pode ter sido morto pelas mãos de sua filha, a dona de casa Rosa Rita de Oliveira, 52, na manhã desta sexta-feira, 13, no Setor Novo Mundo (onde já foi registrado 18 mortes), culminou no homicídio de número 201 na Capital – números oficiais da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DEIH).

Nunca se matou tanto em Goiânia. É o maior número em relação ao mesmo período dos últimos oito anos. Diante do aumento, autoridades de Segurança Pública voltam a afirmar que este tipo de crime é de difícil prevenção, por ter características peculiares. O tráfico de drogas estaria ligado a 90% das mortes, e armas de fogo são os principais instrumentos utilizados. Apesar de ter oscilação de ano a ano, os dados da DEIH mostram aumento de 128% nos assassinatos entre 2000 e 2008 – e 2008 ainda está na metade.

No mesmo período, a população cresceu apenas 14,6%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – de 1.093 milhão para 1.244 milhão. Só ontem, três pessoas foram mortas. O secretário de Segurança Pública, Ernesto Roller, afirma que “o homicídio tem características que dificultam seu combate”. “O que temos feito é intensificar as investigações e combater o tráfico de drogas, que é a principal causa dos crimes de morte”, explica.Para ele, é cedo para dizer se o aumento no número de homicídios tem relação com ação de grupos de extermínio. “A secretaria não acredita nem desacredita. Existem investigações e puniremos com rigor qualquer evidência desta prática.”

Moradores do Novo Mundo acordaram pela manhã com a informação de que o aposentado Elias José estava morto dentro de sua casa, na Rua Araraquara. Segundo a DEIH, a autora do crime teria sido sua filha, Rosa Rita, com quem morava há mais de um ano. Após matá-lo com cacos de vidro de uma garrafa de cerveja, a acusada fugiu. O aposentado foi encontrado em cima da cama e pode ter sido morto enquanto dormia. O filho de Rosa, que não quis se identificar, contou que os dois brigavam constantemente e nunca se deram bem. “Eles brigavam por qualquer motivo. Viviam discutindo por coisas banais; mas não esperava que algo assim poderia acontecer.”O filho disse também que Rosa ficava somente dentro de casa e não gostava de sair e estava desempregada há um bom tempo. Todas as despesas da casa seriam custeadas pelo aposentado. “É uma situação difícil; além de perder o avô, tenho que aceitar que minha mãe pode ter sido a autora.”

Feira da MarReta O corretor de veículos Antônio Francisco Saldanha foi assassinado ontem enquanto almoçava no Pit Lanche, na Feira da Marreta, no Setor Nova Vila. Testemunhas contaram que dois homens que chegaram em uma moto prateada, e o garupeiro teria descido e alvejado da vítima com três tiros na cabeça. É a segunda morte no local em uma semana.
O Comando do Policiamento da Capital quer o fechamento da feira. O 9° Batalhão da PM foi acionado e isolou a área da Feira para a chegada da polícia técnica que até às 12h30 não havia chegado para liberar o corpo da vítima, que ainda se encontrava sentado à mesa, com o corpo tombado e comida espalhada por todos os lados.A Associação dos Compradores e Corretores Autônomos de Veículos de Goiás, José Donizete de Moraes, que fechou as portas da entidade, depois do assassinato, disse que Antônio havia retornado ao trabalho há seis meses. A vítima era detento do semi-aberto, por já ter pago parte da pena por crime de estupro. Com vista para os homicídios registrados na feira, o comandante do policiamento da Capital, coronel Cezar Pacheco, pedirá na segunda-feira, em reunião com integrantes do Ministério Público, o fechamento da feira.

Cozinheira Outra morte violenta aconteceu no Bairro São Carlos, na região noroeste da Capital. A cozinheira Maria de Lurdes teria sido morta enquanto lava roupas em sua casa, com três facadas no corpo. O principal acusado autoria dos golpes é o seu ex-companheiro Jaime, único nome divulgado pela Polícia Civil. O suspeito, segundo testemunhas, fugiu em uma bicicleta e até o fechamento desta edição ainda não havia sido localizado.

VIOLÊNCIA PROLIFERA NAS ESCOLAS!

Crescem as denúncias de violência dentro das escolas

Brigas entre alunos e ameaças a funcionários e professores são cada vez mais freqüentes

Alan Rodrigues e Camila Vieira

Alunos agredidos, professores e funcionários intimidados. Armas e drogas circulando livremente pelos corredores. Grande parte das escolas da rede pública de Salvador está dominada pela violência. O assunto, tema de um encontro ontem no Ministério Público (veja boxe), vem ganhando proporções cada vez maiores a cada nova denúncia de infrações cometidas dentro das escolas. A mais recente de agressão entre estudantes aconteceu esta semana, na escola estadual Manoel Novaes.

O pai de uma aluna, que prefere não ser identificado, denuncia que, na última quarta-feira, uma briga entre dois grupos de alunos rivais terminou em depredação. Um dos alunos tentava escapar de uma briga e pulou as grades que cercam o colégio. Os que o perseguiam começaram a chutar o portão, que veio abaixo.

No dia seguinte na porta do colégio, foi difícil evitar que um estudante fosse linchado por outros alunos. O pai, que relatou esses episódios, conta ainda que já presenciou a venda de drogas na porta do Manoel Novaes e suspeita que alunos freqüentem as aulas com bebidas alcoólicas escondidas nas mochilas.

Na saída dos estudantes, ontem pela manhã, poucos se arriscaram a falar sobre a violência dentro do colégio, limitando-se a relatar casos de briga na quadra, durante disputas de futebol. Mas um deles revelou que uma bomba foi detonada próximo a uma sala de aula na mesma quarta-feira, motivando o cancelamento da festa de aniversário da escola, marcada para ontem.

Assédio criminoso - o motorista Florisvaldo Lago, 50 anos, se viu obrigado a retirar o filho da escola estadual Davi Mendes, depois que um grupo de estudantes tentou, insistentemente, assediá-lo para que se juntasse à “gangue”. “Queriam que ele participasse da desordem, das brigas”, relata Florisvaldo. Mesmo em outro colégio, o filho do motorista ainda tem problemas com os ex-colegas. “Eles ficam cercando meu filho no ônibus quando ele sai de casa, Minha mulher tem que estar sempre acompanhando”, revela.

A diretora da Escola Estadual Raul Sá, Liliane Fosneca, que esteve presente ao encontro no MP, revelou o medo que impera entre alunos, funcionários e professores. Os estudantes não querem ficar até o fim das aulas, professores e funcionários ouvem ameaças e são “orientados” a não falar nada. Segundo Liliane, quando as rondas escolares aparecem na escola, os alunos utilizam um código de sinais para alertar os colegas, que fogem pulando o muro da unidade.

A diretora conta ainda que, no mês passado, duas bombas foram detonadas próximo a salas de aula e no sanitário recém-reformado, uma descarga foi incendiada. “Eles atiram as cadeiras pelas janelas”, denuncia a diretora, que agora tranca as salas e já solicitou à Secretaria de Educação um sistema de circuito interno de TV.