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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

TRÂNSITO E MORTE DE CRIANÇAS!

Edição: 740 Data:18/09/2008
Trânsito soma 41% das mortes de crianças
Flagrantes de desrespeito à legislação de trânsito: acidentes poderiam ser facilmente
evitáveis
Bruna Mastrella
Os acidentes de trânsito são responsáveis por 41,1% das mortes de crianças de 0 a 14 no País, além de ser a principal causa de internações, perdendo até para a violência urbana e doméstica. Além de atropelamentos e a imprudência dos condutores, a falta de hábitos simples que garantem a integridade dessa camada da população, como o uso correto do cinto de segurança e da cadeirinha para as crianças menores no banco de trás, estão longe de se tornar rotina.Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), somente em 2006 quase 22,2 mil crianças de até 12 anos se acidentaram, sendo que 818 delas acabaram morrendo.
Em Goiânia, de janeiro a junho deste ano, de acordo com o Detran, foram seis mortos de 0 a 14 anos, contra 14 em todo o ano passado. A organização não-governamental Criança Segura constatou que na maioria destes episódios as vítimas morreram na condição de pedestres, seguidas pelas que eram passageiras e ciclistas. Diante de dados tão preocupantes e que não parecem ceder, o Conselho Nacional de Trânsito decidiu abordar na Campanha Nacional de Trânsito deste ano, que começa hoje, o tema “A criança no trânsito”.
O tenente André Luís Gonçalves, da Assessoria de Comunicação do Corpo de Bombeiros do Estado de Goiás, observa que a maioria dos acidentes poderia perfeitamente ser prevenida caso as determinações contidas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) fossem cumpridas com rigor. Não é o que acontece. Flagrantes feitos ontem à tarde em setores da periferia de Aparecida de Goiânia, por exemplo, mostram diversas irregularidades. Adultos transportando crianças em motocicletas, às vezes duas de uma só vez, e até passageiros sem capacetes.
IRRESPONSABILIDADE O artigo 64 do CTB, que dispõe sobre o transporte de crianças em veículos automotores, é claro: se elas tiverem menos de sete anos ou não tenham condições de cuidar de sua própria segurança, não podem ser transportadas em motocicletas. Acima dessa idade, só é permitido com capacete adequado ao seu tamanho. O descumprimento é considerado como uma infração gravíssima, que gera 7 pontos na CNH, além de multa de R$ 195. Nos automóveis, o CTB impõe a idade mínima de dez anos para o transporte nos bancos dianteiros. Antes dessa idade, a criança deve ficar no banco de trás protegida por dispositivos de retenção. Contudo, a resolução 277 do Contran, publicada no Diário Oficial da União em junho deste ano, atualiza a regra e determina que crianças de até sete anos e meio fiquem em cadeirinhas adaptadas ao peso. A regra já está valendo, mas os condutores só serão multados a partir de 2010. Os bebês ainda devem ser transportados no chamado bebê-conforto com a cabeça voltada para o fundo do veículo.
NEGLIGÊNCIA PREVALECE - comandante do Batalhão de Trânsito de Goiânia, tenente coronel Lucimar de Oliveira Mesquita, acredita que não haja falta de conhecimento sobre as normas que garantem a segurança de criança. “Acredito em irresponsabilidade por parte dos pais e responsáveis porque são devidamente habilitados”, assinala. Ele revela que todos os dias são recorrentes flagrantes de irregularidades, principalmente entre motociclistas. O médico ortopedista Robson Azevedo, presidente da Associação dos Hospitais do Estado de Goiás (Aheg), explica que como as crianças ainda estão em fase de crescimento, um acidente com sequelas repercute em toda sua vida, não só psicologicamente, mas também por causa de lesões permanentes e até incapacitantes. Para ele, muito mais que mensurar dados estatísticos sobre a violência no trânsito, é preciso refletir sobre o ônus social do problema. “Não se trata só de traumas físicos. Acidentes automobilísticos são responsáveis por desagregação familiar, afastamento do trabalho e outros fatores muitas vezes pouco perceptíveis”, reflete.
AÇÃO CONSTATA RISCOS PARA CAMINHONEIROSEm ação voltada à saúde dos condutores que passam pelas rodovias federais que cortam o Estado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) constatou alta incidência de motoristas hipertensos e sem horas de descanso. Só na manhã de ontem, na BR-050, próximo a Catalão, 145 condutores foram examinados. Destes, segundo o médico Uelber José Pereira, 93 já haviam cumprido oito horas de trabalho sem interrupção – limite máximo permitido por lei – mas ainda estavam longe de encerrar a jornada diária. A média de carga horária entre os consultados é de 14 horas, sendo que alguns relataram trabalhar até 18 horas por dia. Por esse motivo, acredita o médico, 102 deles apresentam sobrepeso. “Como o horário é muito apertado, descuidam não só do sono, mas da alimentação e até do convívio familiar”, revela. Outros 46 apresentaram hipertensão, 40 estão com deficiência visual e 13 se descobriram diabéticos. Segundo a PRF, quatro motoristas tiveram de ser impedidos de dirigir porque o nível de glicose no sangue e a alta pressão haviam ultrapassado os limites de segurança. DICAS DE SEGURANÇA– Lembre-se que a cadeira própria é mais segura que o colo da mãe. No caso de bebê, deve ser acomodado no bebê-conforto (em forma de concha).– Criança transportada no colo, pode, em caso de colisão, ser esmagada com o peso da pessoa que a leva, ou mesmo ser projetada para fora do carro.– Como a cabeça de um bebê com idade inferior a 1 ano representa quase metade do seu peso total, é importante que essa região do corpo esteja bem protegida. – Antes de comprar a cadeira é necessário conferir se possui o selo de certificação do Inmetro.–A cadeirinha fixa é indicada para a criança que já tem força suficiente para sustentar o pescoço e a cabeça, até 4 anos de idade. E deve ser instalada de frente para o painel, mantendo a posição central no banco traseiro. – Outro recurso é o “Booster”, uma almofada com suporte rígido e dispositivos, projetada para ser fixada no banco traseiro, permitindo que o cinto de segurança seja colocado na posição correta. É indicado para crianças com mais de 18 quilos e até 36 quilos, menores de 1,45 metro, que não têm altura suficiente para usar o cinto de segurança do carro.
Fonte: ONG Criança Segura